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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Publicado por SAFENDEONLINE | 13:10

Segue pequeno extrato de uma entrevista com Erick Charas que possui jornal a Averdade (de distribuição gratuita) em Moçambique, atenção é longa...

Canal - O debate nacional gira agora em torno de uma alegada marginalização da juventude: pobreza versus oportunidades. Como é que olha para esta questão? A juventude moçambicana tem esperança?

Erick: (Risos) Esperança…qual é? Eu acho que é uma pergunta para a própria juventude, porque se calhar já não sou tão jovem assim. Mas no fundo eu acho… (pausa)… Não queria ser muito drástico. Mas temos que em primeiro lugar acreditar no País. Acontece que nem tudo que está a ser feito no país hoje a gente vai ter o efeito e consequência hoje. E acho que a juventude tem que estar e tem que se preocupar muito com o que vem no futuro. Isso porque não é fundamentalmente no contexto de oportunidades por aquilo que está a surgir por aí fora. Isso surge mais à frente, mas é pelas bases da construção disto hoje que virá o futuro. 

Estamos a falar de questões que não são tangíveis: moral, valores, ética. O pior está a ser feito hoje em função de acordos mal feitos, em função do que o Governo tem fundamentalmente no seu interesse próprio em primeiro lugar. Estou a falar das pessoas que estão no poder que levam os grandes temas como a juventude para o último ponto da agenda. A juventude está a ser sistematicamente usada como elemento de eleição.
A juventude é usada, ponto de exclamação.

Canal: Como assim?

Erick: A juventude não é parte de um plano. Eu arrisco-me a dizer que a juventude, onde está tem que ter muita esperança em si própria, porque o que está a ser feito não lhe considera muito. Não há, a nível do Governo, nenhum programa credível para a juventude. 

Não há um programa que seja concebido pensando que isto é para servir a nossa juventude. A juventude está cada vez mais mal formada. No tempo em que a gente andou na escola, não só a qualidade de ensino, que aliás era muito voluntária, era melhor. Eu tive professores que foram forçados a serem professores. Eram pessoas que saíam da nona classe para dar a sétima e davam com vontade e afinco como não acontece hoje. Não estou de jeito algum a desqualificar os professores. Estou a falar que na conjuntura do país que temos hoje: que vontade, que paixão, que motivação tem o professor para ensinar e construir um País, quando ele vê o que a gente vê todos os dias, aquilo que são os nossos governantes? Então é uma pergunta difícil de responder. Mas há factores que tentam levar a dizer que a juventude não pode ter esperança. 

A juventude tem que sempre acreditar em si: somos o futuro deste país. Mas a juventude deve deixar de pensar que há alguém que está no Governo a tomar conta dos nossos interesses. A juventude que está na escola tem que pensar que daqui a cinco ou sete anos, estas todas oportunidades que estão a aparecer nenhuma delas o vai contratar, porque a qualidade de ensino está muito má. E a culpa não é da juventude. É de quem administra o sistema de ensino. É daquele que determina aquilo de deve ser ensinado. 

A juventude tem que pensar assim: dizer olha: se eu não vou, o sistema não está a criar emprego para a massa juvenil. O governo sempre vai dizer que vocês são impacientes, mas yah, somos impacientes. É para esperar mais 50 anos? Em cinquenta anos uma pessoa morre. As coisas estão mais difíceis. Quando a gente senta e ouve aqueles relatórios do Banco de Moçambique, não fazemos ideia do que aquilo quer dizer. Subiu 15 porcento, baixou 15 porcento, a realidade continua a ser a mesma, tu continuas a não conseguir comprar tomate. E o preço de tomate não baixa porque vem do Botswana. Tu encontras as alfândegas que estão mais preocupadas em tirar o pouco que compraste na África do Sul de peúgas: até disso querem te tirar os direitos. E a coisa não pára por aí: no tomate, cebola, alho, querem tirar ganhos. Ao invés de ir contra os verdadeiros contrabandistas que temos tantos neste País que trazem televisores com outras coisas lá dentro…

Estas coisas que estão por detrás, a juventude não deixa passar despercebidas. Porque tu tens uma pessoa que senta e olha o mais velho a fazer, é muito provável que seja aquilo que possa vir a fazer quando um dia estiver no Governo. Em termos de esperança de pacote que está a ser montado para a juventude não é grande coisa. Agora a juventude tem que acreditar em si mesma.

A juventude tem que aprender a batalhar pelos seus direitos. É um direito seu que está em causa. A gente não pode ficar de braços cruzados porque o meu voto não vale nada e aquela gente ganha sempre. Yah concordo, mas um dia vai deixar de ganhar sempre e tu podes fazê-los perder sempre. E uma coisa é ganhar com cem porcento e outra coisa é ganhar com 99 porcento, porque aqui, pelo um falou. E a gente está a aprender isso todos os dias do poder da juventude no mundo.

Fonte e versão completa no: Canalmoz

PS: Qualquer semelhança com CV é mera coincidência (poderiamos dizer menos ou mais!)