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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Publicado por SAFENDEONLINE | 08:52


ENTRE "MEU DEUS, QUE FIZEMOS NÓS?" E “ISSO É A COISA MAIS FORMIDÁVEL DA HISTÓRIA!”…

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"amin ta kurti kes guentis ki ta papiam de Safende depôs es ta flam: Safende ka ta fika pegado ku fazenda?” - mc CJ


O número 3 é número mágico. Nas nossas brincadeiras enquanto crianças, não raras vezes alguém dizia “N TA KONTA TI 3!”, para expressar sua ira. Muitas vezes esse argumento era também cintilar de esperança, onde tentávamos cumprir um objectivo, após dois falhanços ainda conservávamos firme o sonho de atingir o desejo, pois a 3ª poderia ser a vez!
Após partilhar as reflexões: i) “o vosso silêncio mata-nos” e ii) “Quo Vadis Praia?” aventuro dividir consigo cara/o amiga/o, esta que é a 3ª reflexão, sobre um dos desafios mais determinantes na continuidade da raça humana, senão a mais determinante – vivermos juntos em Paz! Uma vez que atingirei essa meta 3, não penso tão cedo utilizar essa via para desabafar sobre esse assunto!

Num dia que se convencionou 06 de Agosto 1945, o Enola Gay lançou sobre Hiroshima algo que dizimou a volta de 100.000 pessoas (mais do que a metade da população da capital Cabo Verdeana!). Nunca algo do tipo acontecera, em tão pouco espaço de tempo, por mãos humanas! Ante o mesmo acontecimento um dos integrantes da missão, que momentos antes conseguia ver vida e construções humanas na cidade, via apenas destroços e ferventes – temperaturas atingiram 1 milhão de graus centígrados. Face ao que seus olhos testemunhavam socorreu-se no infinito "Meu Deus, que fizemos nós?". Ante o mesmo evento o Presidente Truman, dentro da fortificada USS Augusta, prestes a fazer o seu banquete-almoço vangloriava “isto é a coisa mais formidável da história!”. Matar 100 mil e destruir uma cidade!? Apetece-me dizer algo do street, mas não vou!

O local de onde acompanhamos o teatro da vida é determinante para fazermos as nossas leituras. Há o perigo de acomodarmo-nos a ela, é certo, pois nesse ritmo teremos sempre uma perspectiva enviesada o que muitíssimas vezes compromete a boa leitura dos acontecimentos! De quando em vez vestir gangas e sapatilhas não faz mal a ninguém! É bom também estar de fato e gravata!
Este ensinamento tenho bem presente quando diariamente confrontamos com jovens que tem muita competência, possuem vários skills mas que por experienciarem dureza da exclusão e viverem períodos de “kel ki ta da ta da”, ao tentarem fazer inversão de marcha, dificuldades mil se lhes impõe! Como dizer e dizer-lhes, (vulgo repetir) “vá para casa e fique em paz” se o estômago está vazio e sem perspectivas de receber, o que teoricamente devia ser para todos! Se a mente ainda não está totalmente convencida que haverá alternativa credível à lei da selva? Ainda bem que nestas horas, para nós que somos crentes, a fé (para os que não crêem, a inteligência) nos coloca na língua “DEUS TEN!”, (we shall overcome!).

Precisamos entender que o nosso tempo não é o vosso tempo, o tempo deles não é o nosso! Alguém já falara anteriormente de que KARRAKA é mais do que convívio…reafirmo, KARRAKA, no bairro é também apoio ao cumprimento do direito à alimentação!
Essa cidade tem condições para vencer esse fenómeno sem mais perdas de vidas e sonhos! Os recursos existentes aliados a sinergias apropriadas garantem que podemos ter jovens a ser parte no desenvolvimento e não tão-somente “rabo ku txifre” desse tecido social que finge não dar conta que ela própria é, não poucas vezes, promotora da violência que finge repudiar! E pior, vem normalizando-a! É questão de inovar e ultrapassar barreiras impostas por rotinas de não querer abraçar o diferente! A pedra angular é incluir os nossos jovens no sistema produtivo ao invés de apenas condenar ao sistema prisional (muitas vezes do sofá!), rasgando o princípio da presunção de “inocente até prova contrária”!

E se…(dizia mc CJ, “é utópico, mas quero sonhar”) e se apostarmos nesses jovens para serem profissionais de construção de paz, com remuneração, que descontam para os cofres do tesouro? “Nos tudo nu tem ki poi panela riba, gente!” E se… esses jovens fazem formações intensivas, que não venham somente por telecomando, mas também de acordo com competências que tem, e o que sonham ser e que lhes dêem equivalência em 10º, ou 12º ano de escolaridade, para poderem aceder a (bolsas nas) Universidades? Teremos técnicos sociais com equilíbrio de competências teóricas e conhecimento prático, que se iguale? E se os que decidem onde e como empregar o dinheiro “que supostamente é nosso” venham pagar para ter lições de terreno nos bairros, que julgam problemáticos (não tão problemáticos nos tempos dos porta-a-porta)? Ao menos o bolso pode equilibrar o nível de altivez!
O momento é este…sob pena de se não agirmos, os nossos filhos rir-se-ão de nós por não termos tido visão (em quantidade serviço mínimos) e comprometimento para fintar este evento! Depois de partilhar o texto com D. Fátima ontem, nesse mês que ela reza mais por nós, e o que ela me disse…só posso dizer 3 palavras: VIVA NHA MAI!

BERNARDINO GONÇALVES (Dino – Safende)

PS: Tenho ansiedade pelo tempo que se aproxima…espero que Agosto nos traga calor de amizade! E se em campanhas fossem proibidos comícios festas de altíssimas horas…bebedeiras e fossem substituídas por palestras, debate e porta-a-porta! E se aos “activistas” fossem pagos descontando IUR e não “mo fitxado” no final de semana e na noite das eleições?
PAX DEI Praia!